Por Caio César Muniz.
Poeta e jornalista.
Durante um bom tempo a Cobal foi reduto para poetas e amantes das madrugadas de Mossoró, era o ponto de encontro do “depois da festa”, onde os notívagos iam tirar a ressaca, ou continuar a farra forrando o bucho com a panelada de Zé Leão, o carneiro ou a galinha cozida de Dona Conceição, mãe do saudoso Júnior, levado cedo para Deus.
Em março, os poetas “invadiam” a Cobal e faziam recitais gratuitos para os frequentadores, com direito à boa música e venda de seus produtos. Chegaram a ser expulsos em 2011 por um gestor sem sensibilidade para a poesia local.
Nos últimos tempos a Cobal enfeiou-se, está ainda malcuidada, suja e perigosa, em alguns casos. A poesia saiu de lá, os boêmios madrugadores também foram à procura de locais mais aprazíveis e acolhedores.
Li esta semana que a Prefeitura irá realizar uma ampla reforma do empreendimento, que também compreende o Mercado do Peixe e da Carne. A Cobal tem alma, é um ente vivo. É a nossa feira-livre, merece realmente que alguém olhe por ela.
Espero seja algo do tamanho da megalomania do prefeito e aconteça algo como “a maior reforma da história” da Cobal e de forma duradoura ela volte a ser a casa de recepção dos simples e também daqueles que gostam do cheiro misturado das frutas e verduras, do gritar dos vendedores:
– Bora cliente, aqui tá mais barato!
– Venha, venha, hoje tem preço e qualidade!
– Tá procurando o quê, patrão, patroa?
Que venha logo, Mossoró merece a Cobal.
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