A ideia de Identidade se relaciona diretamente ao ideal de pertencimento, todavia o Espaço Local perdeu sua importância ou valor, sendo substituído por outros espaços, inclusive espaços virtuais. O Dia 7 de agosto marca oficialmente o Dia do Rio Grande do Norte, este dia tem passado despercebido pela maior parte dos potiguares, uma vez que as instituições nem mesmo hasteiam a bandeira, nem nós cantamos o Hino, que, aliás, em função desse esquecimento, é desconhecido de grande parte da nossa população. Nosso homônimo do sul tem Hino e o interessante é que em eventos como jogos de futebol, os gaúchos entoam o hino do estado. Não seria possível tal ação também no nosso amado Rio Grande do Norte?
Vamos a um pequeno exercício, um pequeno ensaio da nossa memória. Você já ouviu falar do da Guerra dos Bárbaros, Sindicato do Garrancho, Revolta do Quebra-Quilos, a Campanha de Pé No Chão Também Se Aprende a Ler, as Meninas das Covinhas de Rodolfo Fernandes, que morreram na seca de 1877? Ou ainda do Messianismo de João Ramalho, do Cangaceiro Romântico Jesuíno Brilhante, do Zé Areia e Maria Boa, ícones da Segunda guerra em território Potiguar? Provavelmente nunca ouviu falar ou leu algo sobre eles. São momentos e personagens importantes do nosso estado, negligenciados, invisibilizados.
A educação seria um dos caminhos para minimizar o não (auto)reconhecimento Local, tínhamos no currículo escolar do nosso estado até 2012 no ensino fundamental a disciplina Cultura do RN do 6º ao 9º ano e no ensino médio, a Economia do RN. Contudo, pouco nos resta para atuarmos no reconhecimento da nossa História e Cultura locais. Geralmente só em datas alusivas como emancipação política dos municípios ou feriados municipais lembramos um pouco quem somos.
O dia 7 de agosto, o DIA DO RIO GRANDE DO NORTE foi instituído a partir do ano 2000, não é feriado estadual, causando até estranheza (ou ainda não é?). É necessário refletir e se defrontar com nosso passado-futuro, memória-continuidade. A Identidade e o Bairrismo são importantes, sem negar a Alteridade que nos torna multi-pluri, esta que nos leva a entender o outro como diferente, mas jamais como inferior ou superior ou inferior.
Por trás de uma data ou datas comemorativas, também necessitamos ser críticos, ao ser chantado (posto, enfincado no solo) o Marco de Touros pela tripulação de Gaspar de Lemos no dia 7 de agosto de 1501, marca a chegada dos europeus que se diziam donos da terra. Porém, antes dos portugueses, já tínhamos aqui vivendo, povos diversos e com variedade linguística, cultural e social. Os tarairiús e potiguaras, estes dando nome aqueles que hoje moram onde denominamos Rio Grande do Norte. Negligenciar que eles, os povos originários aqui estiveram antes de 1501 é fundamental e justo.
Que a data seja mais que motivação para comemoração e principalmente reflexão, precisamos entender que você potiguar, norte-rio-grandense ou papa-jerimum e nossos (mais de) 521 anos de História, são dotados de riqueza, valor e que não vejamos a data através do passado, mas compreendendo o presente e agindo para termos um Rio Grande do Norte para todos, todos sem exceção. E claro, sejam e serão todos bem-vindos a este estado maravilhoso, o meu, o seu, o nosso RN.
Tales Augusto de Oliveira é professor efetivo do IFRN Campus Apodi, autor do livro História do RN para iniciantes, pesquisador da História Local e outros temas na área de educação, política, economia, futebol. Mestrando em Ciências Sociais e Humanas na UERN, donde também se graduou em História e cursou Direito.
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