Mossoroenses que tiveram contato com Elza Soares, homenageiam a “mulher do fim do mundo”

Falecida na última quinta-feira (20), a cantora Elza Soares deixou uma legião de fãs espalhados pelo mundo inteiro. Não seria diferente em Mossoró, onde alguns destes privilegiados tiveram a oportunidade de um contato com a “mulher do fim do mundo”.

Alguns relatos foram postados nos últimos dias nas redes sociais. A também cantora Katharina Gurgel foi uma que deixou o registro do seu encontro com Elza:

“No dia 09 de outubro de 2009, fiz a produção de Elza Soares aqui em Mossoró, com a sua apresentação no Dix-Huit Rosado, dentro do Projeto Seis e Meia. Um espetáculo inesquecível. Uma força da natureza avassaladora.

Acabado o show, a levei para jantar, junto com seu marido, na Praça da Convivência. Descendo do carro na Praça, ele vai com a mão apoiada no meu braço e vamos subindo os batentes conversando:

– Nós mulheres, Katharina, podemos tudo. Absolutamente tudo. Se você quiser cantar, cante. Se quiser ser mecânica, seja. Nunca deixe ninguém te parar, dizer o que você pode ser. A mulher é o mundo todo dentro dela.

Nós jantamos, tomamos um vinho, e ela no final da noite me abraçou, agradeceu e eu nunca mais na minha vida esqueci daquela voz, daquele rosto, daquelas palavras. Com certeza foi uma das mais importantes produções da minha vida”.

 

O jornalista Higo Lima também esteve com Elza num show em Mossoró e, como não poderia deixar de ser, ficou encantado com a cantora que lhe marcaria pelo resto da vida. Higo também postou em suas redes sociais sobre as impressões deixadas pela cantora:

“Quando você se dá conta que está diante da mulher do fim do mundo – tão definida feito a exatidão do artigo; e da voz do milênio – tão indefinida feito a amplitude do que possa ser a contagem de um milênio de tempo, o #coração reconhece.

Em descompasso, ele parece querer se espalhar pelo corpo todo: no músculo que treme, no sangue que corre mais rápido, na saliva que seca… Todos os sentidos, bem vivos, se unindo para não perder nenhum segundo do sussurro, do abraço, do cheiro!

 

#ADescoberta

Descobri Elza Soares em uma participação dela no projeto Seis e Meia, em Mossoró. Naquela noite voltei pra casa – uma longa estrada a pé – atordoado com a força da #voz e a presença cênica daquela pequena no palco. Até a acústica do teatro pediu desculpas!

Depois devorei a discografia, biografias, shows e tributos. Cada nova gota de Elza, era um oceano que se alargava. Foi também por ela que descobri o Luiz Melodia – e ainda sigo achando o encontro dos dois a coisa mais linda de se rever. É preciso revê-los!

 

#DeixemCantar

Quando ouço Elza cantando “Me deixem cantar/Até o fim eu vou cantar…”, parece que eu me conecto mais intimamente com o desespero daquela que veio do “planeta fome”, tanto quanto vibro por poder ouvir, gostar e reconhecer tão de perto o que chamaram de “a voz do milênio”.

Quanto é um milênio de tempo? Onde fica o planeta fome? Quando será o fim do mundo? Nada disso mais importa, porque agora @elzasoaresoficial cantará no pra sempre e sem fim!

 

O também jornalista Jean Custo é um imortal da Divine Academia Francesa de Letras Artes e Cultura (Divine Académie Française des Arts Lettres et Culture). Em 2019 Elza Soares foi agraciada com o título de embaixadora e vice-presidente da agremiação. A solenidade de posse foi em seu apartamento. Jean este com ela e ainda com a cantora noutra oportunidade, em um festival de música e destaca as impressões deixadas.

“Estava no Rio de Janeiro a trabalho e fiquei surpreso quando recebi o convite para posse de Elza Soares na Divine Academia Francesa, que aconteceu em seu apartamento na avenida Atlântica em Copacabana. Mais surpreso ainda quando fui apresentando a ela como o ‘menino de Mossoró’. Elza me abraçou e lembrou de sua apresentação em nossa cidade e perguntou se nossa terra ainda era muito quente, destacou a simpatia e hospitalidade, confesso que a conversa foi longa entre uma coisa e outra ela relatou muito da história de Mossoró, teve momentos que falava até com nosso sotaque. Destaco a simplicidade humana e sobretudo o intelecto de mulher que falava da cultura popular como fonte de sabedoria”.

 

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Foto de capa: Patrícia Lino.
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