A Rádio Difusora de Mossoró completa 72 anos nesta quarta-feira (07). É a primeira rádio oficial da cidade, a primeira do interior e a terceira emissora implantada no Rio Grande do Norte. Em 20 de outubro de 1946, o jornal O Mossoroense, já noticiava as primeiras movimentações para a instalação da rádio, que só viria a se concretizar, quatro anos depois:
“Entrou em franca atividade o movimento para aquisição de uma difusora local. A firma Pinto & Sales, cujos atuais conponentes, Srs. Jorge Pinto e Francisco Sales Santos Bezerra, não teem poupado esforços no sentido de dotar Mossoró das maiores e mais justa realizações, está á frente do louvavel empreendimento, já tendo enfrentado em negociações com a RCA Victor para comprar de uma aparelagem de 500 wst que capacitará a nossa futura estação de rádio. Podemos assegurar que em dias da proxima semana será fundada a Rádio Difusora de Mossoró S/A, cujo movimento de ações foi iniciado com os melhores auspicios, sendo das cogitações de seus empreendedores a aquisição do predio em que funcionou o Cine-teatro Déa, à rua 6 de Janeiro, de onde partirá até julho do ano vindouro a voz de Mossoró, atravez de suas ondas artezianas.”
No dia 02 de março de 1947 foi fundada a “Sociedade Difusora de Mossoró”, mais uma vez O Mossoroense publicava:
“A Difusora Mossoroense será fundada hoje, no Pax.” Eis na íntegra a seguinte notícia: “Realizar-se-á às 9 horas da manhã de hoje, no Cine-PAX, a sessão preparatoria para a fundação da Difusora Mossoroense S/A, entidade constituida por pessoas de evidencia nos circulos comerciais, com a louvavel finalidade de dotar o nosso meio com uma estação de rádio. Na mesma reunião será proclamada uma diretoria provisoria, sendo acertadas as bases para a constituição do capital que integrará a Difusora Mossoroense. Ao que estamos informados, está em via de aquisição por parte dos idealizadores da nossa estação de rádio, um transmissor RCA – BTA-IL para 1.000 watts, constituindo este, tambem, um dos grandes assuntos a serem tratados na reunião da manhã de hoje”.
Eram os primeiros passos para a criação da Rádio Difusora, vinda a cabo pelas mãos dos organizadores Luiz Gonzaga Santos, Francisco Nunes, José Monte, José Genildo de Miranda, Jorge Pinto, Bruno Nogueira Freire, Orlando Cosme, Tiburtino de Queiroz e Garibaldi Noronha.
Em fevereiro de 1950 já se encontrava em Mossoró a aparelhagem da futura emissora que viria a funcionar na frequência de 1370 quilos ciclos, sendo sintonizada através de Amplitude Modulada (AM). O equipamento foi adquirido da Rádio Philips do Brasil e mais uma vez a notícia foi publicada no jornal centenário na edição de 12 de fevereiro de 1950, chamando a atenção do leitor para uma possibilidade da emissora entrar no ar nos primeiros dias de março, mas numa fase experimental, na antiga Rua 6 de Janeiro, no centro de Mossoró.
O acontecimento marcante, no entanto, só veio a acontecer no dia 07 de setembro, com grande festa e evento solene às 8h, na Avenida Cunha da Mota, no bairro Pereiros. As instalações receberam as bênçãos e prelação de Dom João Batista Portocarrero Costa, segundo Bispo da Diocese de Mossoró. Assim antes adaptados a ouvir a programação de emissoras de Fortaleza, Recife e Natal, os mossoroenses passaram a ter uma emissora própria local.
A solenidade inaugural contou ainda com visitação aos estúdios e dependências de administrações da Rádio Difusora, fazendo o uso da palavra Dr. Paulo Gutemberg de Noronha Costa, superintendente da emissora; o professor Jerônimo Vingt-un Rosado Maia, representando o prefeito da época, Jorge de Albuquerque Pinto e o bispo da Diocese de Mossoró, Dom João Portocarrero Costa, declarando inaugurada a rádio.
Às 20h ocorreu um grande show musical, com o cast artístico da Difusora, dentre os quais: Manoel de Souza Queiroz, Dalva Estela Freire, Josué de Oliveira, Dayse de Melo Pinheiro, Maria Neusa Freire, Maria Aparecida, Maria Stella Nogueira Freire, Maria Laura da Silva, apresentação da Orquestra Jazz Tangará, pertencente à própria rádio e que teve duração até 1952 e Conjunto Regional, organizado por Paulo Gutemberg, e que teve duração até 1959. Durante todo o dia, a Rádio esteve no ar, com programa de estúdio patrocinado por várias firmas locais.
“…z y20, rádio Difusora de Mossoró, que opera na frequência de 1.270 kilociípitos, onda média de 256 metros, ponto quarenta…” (Vinheta de divulgação da Rádio Difusora de Mossoró, em 1950).
Compunha o primeiro quadro de locutores: Francisco Paula Brasil, José Genildo, Genaro Fonseca e Cleide Siqueira (a primeira mulher radialista do rádio mossoroense). Todos os eventos eram realizados no Cine Caiçara e retransmitidos para a Rádio, podendo ser escutados em todos os cantos da cidade, inclusive para quem não tinha como assistir ao vivo as apresentações, pois era necessário comprar ingresso.
A Rádio também realizava grandes promoções e shows com artistas de renome nacional, como: Alcides Gerardi, Elza Laranjeira, Nora Ney, Jorge Goulart, Luiz Gonzaga, Trio Irakitan, Bob Nelson, Renato e seus Blues Caps, Carlos Gonzaga, Ângela Maria, Emilinha Borba, Cauby Peixoto, Conjunto Farroupilhas, Nelson Gonçalves, Coronel Ludugero, Izaurinha Garcia, Núbia Lafayete, entre outros.
Inicialmente, a Difusora funcionava no 1° andar do antigo Cine Caiçara, na rua Alfredo Fernandes e depois foi transferida para a rua Dionísio Filgueira, no centro da cidade, e, posteriormente, passou definitivamente veio a ser instalada na avenida Cunha da Mota, no bairro Pereiros.
De caráter informativo e educativo, o programa “Vesperal das Moças”, apresentado pelo radialista Genildo Miranda, no auditório do Cine Caiçara, tinha sempre casa cheia e foi responsável por revelar um grupo de comunicadores formado por Ivonete de Paula, José Maria Madrid, Ely Mendes, Rita Mangabeira, além de outros, que após teste, passaram a compor o elenco da radionovela transmitida pela emissora e onde permaneceram por muito tempo. O programa também teve apresentação do locutor Aldir Frazão.
De 1961 a 1964, o programa dominical “Divertimentos I-20”, apresentado por José Maria Madrid no auditório do Cine Caiçara, revelou grandes nomes da música local, como: Aldenora Santiago, Laíre Campiele, José Alves e Totoenzinho e seu Conjunto.
A Difusora também mantinha um quadro de noticiário, sendo o ponto de informação e de entretenimento dos mossoroenses, sendo que muitos, por não ter poder aquisitivo para comprar um aparelho receptor do sinal da rádio, dividiam a audição nas calçadas com os vizinhos mais abastados para “ver e ouvir” a programação.
Segundo Ismael Fernandes Siqueira, as notícias eram repassadas ao rádio da seguinte maneira:
“A gente comprava o jornal lá em Natal ou em Fortaleza, doutor Paulo Gutemberg trazia, a gente recortava, colava num pedaço de papel e ali desenvolvia na máquina de datilografia. Era o noticiário noturno, porque o jornal saía de manhã, chegava a tarde e Doutor Paulo desenvolvia no ar.”
No dia 02 de outubro de 1972 a Rádio Difusora de Mossoró passou a pertencer ao grupo Alves, integrando ao Sistema Cabugi de Comunicação. A mudança oficial de proprietários, no entanto, ocorreu em 30 de maio de 1986, quando 80% das ações foram vendidas ao saudoso Aluízio Alves, Henrique Eduardo de Lyra Alves, Paulo de Tarso Pereira Fernandes e Ismael Wanderley Gomes Filho em Assembleia Geral presidida por Paulo Gutemberg de Noronha Costa. Os demais acionistas eram: Maria Aurineide de Oliveira Costa, esposa de Renato de Araújo Costa, Milton Nogueira do Monte e Enéas da Silva Negreiro. Nesta época o Conselho Fiscal era integrado por: Francisco de Queiroz Porto, Garibaldi de Noronha Costa e Maria Nelly de Noronha Costa.
Entre os anos de 1985 e 1986 a emissora sofreu, como grande parte da cidade, os efeitos de uma catástrofe natural, com uma grande enchente, tirando-a do ar por 45 dias. Por sorte as águas do rio Mossoró não atingiram seus transmissores.
Cinquentenário
Em 10 de agosto de 2000, O Mossoroense publicava matéria especial noticiando a mudança na grade de programação da Rádio Difusora de Mossoró nos seus 50 anos de atividade:
“O ano do cinqüentenário da Difusora foi marcado pela ousadia. A emissora entrou 2000 com uma nova programação. Os noticiários tradicionais foram retirados do ar. O novo modelo de jornalismo tem como prioridade o cidadão. Da programação jornalística de antes, permaneceu apenas o programa “Cidade Aflita”. Até “Notícias da Cidade”, o mais antigo e criterioso informativo do rádio local, foi substituído por flashes dos repórteres.
O ouvinte não perdeu. Pelo contrário, ganhou e muito. Ficaram só dois noticiários. Com mais tempo e qualidade. O “Primeira Hora” foi ampliado para uma hora e o “Última Hora”, também ganhou o mesmo tempo. Os dois noticiários deixaram de ser apenas informativos. Quase todas as notícias são comentadas pelo jornalista Givanildo Silva que idealizou e comanda o jornal Última Hora.”[1]
A programação do cinquentenário foi aberta com uma missa em ação de graça, celebrada pelo Padre Flávio Jerônimo, em frente a emissora, a partir das 20h, além de um passeio ciclístico, com distribuição de prêmios.
Sob nova direção
Em agosto de 2003, a Rádio passou a ter um novo controlador, assumindo a condição de diretor-presidente da emissora o advogado Paulo Linhares, em um período em que a empresa vivia com maior dificuldade financeira.
Ainda assim, em sua gestão, a rádio passou por algumas mudanças, como a melhoria dos estúdios, aquisição de link para trabalhos externos. Em tempos mais recentes o incremento das suas redes sociais (Facebook, Instagram, Twitter e Youtube) e do seu portal de notícias (site) tem sido destaque na nova composição da emissora.
Esporte
A imprensa esportiva mossoroense surgiu através da Rádio Difusora, pelos idos de 1953. Neste ano o cronista João Batista Cascudo Rodrigues instituiu a Associação dos Cronistas Esportivos de Mossoró – ACEM, onde foi seu primeiro presidente.
Em 27 de maio de 1957, esta entidade passou por reformas, modificou a sua denominação para Sociedade dos Cronistas Esportivos de Mossoró – SOCEM. Nesta época estava à frente o professor Manoel Leonardo Nogueira, juntamente com José Antônio da Costa, Francisco de Paula Brasil, José Genildo de Miranda, José Maria Martins de Almeida, Antônio Martins Sobrinho e Francisco Jerônimo Lobato, formando assim sua primeira diretoria.
A primeira narração esportiva registrada na história de Mossoró ocorreu em 30 de setembro de 1947, pela Amplificadora do Município, três anos antes da Rádio Difusora ser oficializada.
O jogo era de um time mossoroense contra um time da cidade de Aracati-CE. A partida ocorreu no Estádio da Rua Benjamim Constant, no bairro Doze Anos, onde atualmente foi construído o SESI. O locutor oficial foi o saudoso Genildo Miranda, que mais tarde veio a integrar o quadro de locutores da Rádio Difusora de Mossoró.
Na década de 70, o rádio mossoroense funcionava em torno do futebol. A cidade contava com Potiguar e Baraúnas em grandes momentos e as emissoras eram obrigadas a acompanhar o ritmo dos times, fazendo grandes contratações.
Naqueles tempos áureos, o futebol era uma grande influência do rádio, onde existia uma grande rivalidade entre as emissoras Difusora X Tapuyo. A Rádio Difusora formou uma equipe comandada por Paulo José, já a Rádio Tapuyo tinha Evaristo Nogueira, considerado um dos melhores narradores do nordeste. Dessa forma, o rádio mossoroense tinha um alto nível.
Cidade Aflita
O programa mais antigo da Rádio Difusora de Mossoró e também do rádio potiguar é o “Cidade Aflita”, criado em 1978 até os dias atuais continua levando informação aos ouvintes. Ao longo do tempo teve como apresentadores: Paulo Vagner, Jota Belmont, Edmilson Lucena e José Antônio.
A Rádio Difusora de Mossoró foi homenageada com a medalha “Mérito Jornalismo”, pela Câmara Municipal de Mossoró, em 25 de setembro de 1998, uma proposta do então vereador Júnior Escóssia.
“… E o rádio começou a mexer com a vida da cidade oferecendo entretenimento e música. A Rádio Difusora teve o noticiário local mais famoso e tinha uma característica das mais bonitas, era: Notícias da Cidade… E quando a Difusora anunciava as notícias da cidade, principalmente em edição extraordinária, podia-se ouvir o eco dos aparelhos ligados, tão grande era a audiência” (Nilo Santos).
[1] Jornal O Mossoroense – 10 de agosto de 2000.
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Com a colaboração de Lindomarcos Faustino.