Quando o poeta, cantor e compositor mossoroense Marcus Lucenna se autodeclara “cantador dos quatro cantos” não é à toa. Residindo hoje no Rio de Janeiro, mas com um pé também fincado na cidade de Miguel Pereira, interior do Estado, Marcus tem buscado uma aproximação com Exú, no Pernambuco.
Mas você deve estar se perguntando: o que tem a ver uma coisa com a outra. Segue a explicação: localizada numa região de serras, a cidade de Miguel Pereira foi refúgio do Rei do Baião nos anos 50, onde comprou a fazenda Asa Branca e onde, dentre outras façanhas, ajudou a construir o hospital local, que hoje leva o seu nome.
Mestre Lua chegou a imortalizar Miguel Pereira, que chamava de “Suiça Brasileira” numa de suas canções, intitulada “Boi Bumbá”, confira letra abaixo. Marcus Lucenna tem lutado para manter viva a presença de Luiz Gonzaga na região e este reconhecimento ecoou no último final de semana na terra natal de Gonzagão, onde o mossoroense recebeu o Título de Cidadão Exuense (confira vídeo aqui). Neste dia 13 de dezembro, se comemora 109 anos do Rei do Baião.
Marcus é membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel e da Academia Mossoroense de Literatura de Cordel e lançou recentemente o livro e cd “Marcus Lucenna na Corte do Rei Luiz”.
BOI BUMBÁ
(Luiz Gonzaga)
Pra onde vai a barrigueira?
Vai pra Miguel Pereira
E a vassoura do rabo?
Vai pro Zé Nabo
De que é o osso da pá?
De Joãozinho da Fornemá
E a carne que tem na nuca?
É de seu Manuca
De quem é o quarto trazeiro?
De seu Joaquim marceneiro
E o osso alicate?
De Maria Badulate
Pra quem dou a tripa fina?
Dê para a Sabina
Pra quem mando este bofe?
Pro Doutor Orlofe
E a capado filé?
Mande para o Zezé
Pra quem vou mandar o pé?
Para o Mário Tiburé
Pra quem dou o filé miõn?
Para o doutor Calmon
E o osso da suã?
Dê para o doutor Borjan
Não é belo nem doutor
Mas é bom trabalhador
Mas é véio macho, sim sinhor
É véio macho, sim sinhor
É bom pra trabaiá
Rói suã até suar
Ê boi, ê boi
Ê boi do mangangá.
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