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Reporte Brasil Bloco01

É “apenas” uma espiadinha…

Felipe Dutra

(Graduando em História – UERN (Universidade do Estado do Rio Grande do Norte)

 

Para quem espera todo começo de ano o reality Big Brother Brasil produzido pela rede Globo; tem na pratica a experiência de ser um/a espião (a). A casa é vigiada por câmeras e quem assisti “espia” os participantes 24h por dia; o que come, o que conversa, o que veste enfim tudo o que é necessário saber, e caso preciso pode usar essas informações para proveito e quem sabe mobilizar outras pessoas a fazer esse tal participante ser eliminado ou quem sabe até ganhar o programa.

A prática de espionagem também está presente nas músicas. “Seu Espião” é uma música da banda de pop rock brasileira Kid Abelha e os Abóboras Selvagens (a época). Lançada em 1984, no álbum de mesmo nome, a letra retrata uma relação amorosa onde a pessoa é observada e vigiada (Ver você dormir me corta o coração…Se o seu sorriso é sonho ou traição…O que você sonhou…eu nunca vou saber) o tempo todo o eu lírico da composição age como um espião (Deixa eu ler seu pensamento, deixa eu ser seu espião…Deixa eu ser seu espião – alguém tem que controlar o seu coração). A narrativa musical mostra um clima enigmático, trazendo desconfiança, sufocamento e falta de privacidade em um relacionamento.

Em síntese, espiar é atrelado a descobrir informações e usar esse conhecimento de alguma forma, é ter uma influência nas decisões alheias. “A palavra ‘espionagem’, mesmo tendo seu significado alterado ao longo do tempo, mantém relações com suas origens etimológicas. Vinda da raiz latina “specere”, metamorfoseou-se em “espionnage”, no francês; em “spione”, no italiano clássico; em “espier”, no anglo-normando; e fornece o radical “spy”, cuja presença em várias palavras antigas sempre significou “olhar e observar”. Mas ‘olhar e observar’ de uma determinada forma, sigilosa, sem o conhecimento do sujeito/objeto observado; um ‘olhar e observar’ de um sujeito/objeto específico: aquele/aquilo que guarda interesses reais, pragmáticos e estratégicos ao observador; um ‘olhar e observar’ com fins bem claros de antever, de conhecer antes as possíveis ações do outro, mormente um inimigo, para que o observador possa reagir com precessão, evitando ser prejudicado pela ação a ser cogitada, a princípio em segredo, pelo outro; um ‘olhar e observar’ de causas múltiplas, variando segundo a natureza humana, segundo interesses materiais ou abstratos, em nome do egoísmo e até mesmo do coletivismo”.[1]

Um país que é recordista na prática de espiar, coletar informações sigilosas, tramar, influenciar negativamente outras sociedades ao redor do mundo é os Estados Unidos. Instituições como a CIA (Agência Central de Inteligência) e FBI (Departamento de Investigação Federal) fazem parte das políticas imperialistas adotas no país. “A palavra “imperialismo” apareceu apenas em 1870, sendo bastante utilizada entre 1890 e 1914, e servindo ainda hoje para designar práticas militares e culturais desenvolvidas por potências para exercer domínio sobre outros Estados, politicamente independentes”.[2]

Não é de agora que os norte-americanos se acham no dever de soprar para o mundo a liberdade, a democracia, e o progresso; mesmo com o episódio recente do Ataque ao Capitólio no qual essa “investida de apoiadores de Trump em 2021 marcou a história americana como um dos maiores atentados contra a democracia”[3].

O crescimento territorial do que hoje engloba os Estados Unidos se justificava através do “Destino Manifesto”, no qual os ideais de expansão e supremacia cultural era o motor da exploração e injustiça contra os povos originários. A América Latina vai sentir o efeito dessa “excepcionalidade gringa”, principalmente após a Segunda Guerra (1939-1945) onde o clima anticomunista, o medo do restante das Américas se tornar uma extensão de Cuba faz os Estados Unidos intervir com políticas apoiando ditaduras no Paraguai, Argentina, Chile, e no Brasil.

Ao decorrer da ditadura empresarial-militar no Brasil (1964-1985), a Agência Central de Inteligência (CIA) interferiu em várias ações, como treinamento de militares e agentes secretos brasileiros, financiamento de operações sigilosas e cooperação para reprimir a oposição política; foi um período de censura, violação aos direitos humanos dentre outros. São ações poucos esclarecidas até hoje chegando até recentemente  em 2018 “O Ministério das Relações Exteriores (MRE) informou que a embaixada do Brasil em Washington solicitou nesta segunda-feira (14) ao governo americano os documentos produzidos pela CIA (agência de inteligência norte-americana) sobre operações de tortura e morte de brasileiros”.[4]

Por fim, a prática expiatória dos Estados Unidos ao redor do mundo vai continuar ocorrendo; esclarecer o que passou infelizmente ficara no desconhecido devido ao teor secreto de muitos documentos existentes e as informações serem sigilosas. É Sempre bom lembrar que a burguesia dos Estados Unidos verem lucro acima de tudo, se para empresário o regime governamental de um país pode ameaçar seus negócios, não custa nada apoiar ditadura.

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Foto da capa: https://www.fairobserver.com/region/north_america/peter-isackson-cia-central-intelligence-agency-spy-operations-donald-trump-administration-us-america-world-news-69154/

[1]MARTINS, Alexandre de Oliveira. Espionagem e soberania nacional: dilemas de segurança e defesa no caso Brasil x EUA (2013). 2014. 86 páginas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Relações Internacionais e Integração) – Universidade Federal da Integração LatinoAmericana, Foz do Iguaçu, 2014.

[2]SILVA, Kalina Vanderlei; Dicionário de Conceitos Históricos. 2ª edição; São Paulo, Contexto, 2009.

[3]https://g1.globo.com/mundo/noticia/2023/01/06/invasao-ao-capitolio-completa-dois-anos-em-meio-a-caos-na-escolha-para-presidente-da-camara-nos-eua.ghtml

[4] https://g1.globo.com/politica/noticia/brasil-vai-pedir-aos-eua-registros-da-cia-sobre-ditadura-militar-informa-itamaraty.ghtml