Por Caio César Muniz
Poeta e jornalista.
Costumo brincar dizendo que o primeiro jornalista que todos nós conhecemos na vida é aquela (ou aquele) vizinho fofoqueiro que fica à espreita na madrugada para ver a que horas chegamos da farra, se bêbados, se acompanhados, se damos aquela “sarrada” boa na calçada ou entramos com o nosso affair.
Mesmo sem nunca ter pisado no chão de uma faculdade eles (os fofoqueiros) conseguem construir um lide tão perfeito quanto um William Bonner ou uma Marcília Mendes, querida professora do curso de Comunicação Social da nossa UERN.
O lide, para quem não sabe é “a técnica de relatar o que há de principal nos acontecimentos logo na abertura da notícia, prepara uma atmosfera, um clima, para o desenvolvimento da leitura”, segundo o novo pai dos burros, o Google. Em inglês significa “abre”, ou seja, é isto mesmo, são as informações que “abrem” a matéria.
No lide, você tem que responder logo de cara, no primeiro parágrafo, se possível, a seis perguntinhas básicas: O quê? Quem? Como? Quando? Onde e por quê? Não necessariamente nesta ordem.
Então, o nosso, ou nossa “jornalista” sempre atento(a), manda o recado pra vizinhança na primeira hora da manhã, como se fosse mesmo um noticiário: “Menino, Maria (quem) chegou ontem em casa (onde) da festa era umas 4 da madrugada (quando), bêba cega (o quê/como). O namorado vinha carregando ela nos braços, de tão bêba (por quê). Quer dizer, Maria poderia estar doente também, não é? E é aí onde o jornalismo se diferencia da fofoca. Pela ética.
Nos últimos dias Mossoró foi inundada por “informações” sobre traições de pessoas importantes da cidade e os sites “de notícias” como num arroubo por seus minutos de fama não se fizeram de rogados. Não os sérios, claro.
Verdadeiro ou não, a quem interessa isto senão aos envolvidos? Quem quer saber quem está traindo quem? O que isto acrescenta aos nossos dias já tão atribulados? Um arremedo de jornalista de Natal, pavo que só ele, usou o nome da nossa cidade como se a terra de Santa Luzia fosse um circo. Ele o faz constantemente, mesmo sendo patrocinado pela própria Prefeitura do município. Uma lástima.
A nós, que temos um mínimo de bom senso e respeito à mais que centenária arte de tantos grandes jornalistas pelo mundo, não cabe dá trela a estas coisas. Muito menos replicar. Não somos o fofoqueiro, respeitemos os nossos diplomas, e, mesmo aqueles que não tem a formação acadêmica, aprendam que o caminho certo não é por aí.
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