Desde muito cedo sonhava em publicar um livro. A ideia inicial seria a música, mas Deus sabe o que faz. Apesar de que todo cachorro hoje gravar suas sandices, a mim sobrou semancol e faltou talento musical. Fiquei com a palavra escrita mesmo.
O primeiro livro veio em 1996, um título meloso, tal qual os poemas contidos nele, até hoje William Robson, jornalista já naquela época, zomba do nome batismal da primeira obra, e com razão: “E na solidão escrevi”.
Mas, peço perdão aos leitores daquele primeiro atrevimento editorial. Era o sonho sendo realizado e os poemas, são os iniciais, juvenis, cheio mesmo daquela ilusão amorosa que se vive um em cada esquina e pensa-se que vai morrer pela flecha traiçoeira do amor.
Com o meio, aprendi que escrever requer responsabilidade. Publicar então, redobra esses cuidados, então, o segundo livro já sai com um título menos piegas e já traduz um amadurecimento poético. “Notívago”, de 1999, traz meus primeiros ensaios de sonetos, por exemplo, mesmo alguns de pés-quebrados e um prefácio ilustre de Antônio Rosado Maia, que exalta mais a minha musa de então, do que o livro… saiu pela tangente.
“Sobre o tempo e as coisas”, de 2001, é um livro que posso dizer que gosto, eu já tinha consciência do que escrevia. Passeei por alguns gêneros literários com o cuidado que não tinha antes e sabendo onde eu estava pisando.
“Crônicas a temporais”, 2015 é minha estreia na crônica, pelo menos em livro. É um enfeixamento do que vivenciei na coluna dominical d’O Mossoroense, intitulada “Recitanda”, uma homenagem a Belchior. Também gosto deste livro.
Recentemente fui abduzido pelo cordel, logo eu que tanto criticava o excesso de cordelistas que, do nada, surgiram no meio literário local. Como se, de repente, os demais gêneros poéticos tivessem ficado menores. Acho que não fiz feio em uma nova homenagem ao bigodudo de Sobral, mas também não fiz só um cordel, ousei e alterei tamanho e forma, ilustrei e joguei no mundo “Batendo à porta do céu – a chegada de Belchior ao paraíso”.
Das minhas obras, tenho um ou dois exemplares, no máximo, guardados em algum lugar. Mas, não se engane, não é que eu seja um best-seller, é que nossas tiragens geralmente, não ultrapassam os 500 exemplares, para quem é mais atrevido. De minha parte, mais dou do que vendo livros. Motivo de briga por parte de minha esposa, dona Maiena, que eu hei de elevar à condição de minha assessora para assuntos livrescos se quiser mudar este perfil em algum tempo de minha vida.
Eis que estes dias, numa busca despretensiosa na internet, encontrei três exemplares de “Sobre o tempo e as coisas” sendo vendidos diretamente de São Paulo a um preço tão convidativo que não me contive, comprei de volta por R$ 6,00 cada um. Com a inclusão do frete, ficou por R$ 15,00 cada um. Em vendia (quando vendia) por R$ 25,00. Estou no lucro (ou não).
Estou ansioso para recebê-los, saber se estão autografados, descobrir como eles foram parar tão longe de casa e resgatar estes “filhos” perdidos.
Por Caio César Muniz, jornalista e poeta.
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