ARTIGO: Uma setentona do povo

Por Fabiano Morais.

 

O rádio é, ainda, sem dúvidas, um dos meios de comunicação de massa mais representativos em nossa sociedade. O meio é de uma profunda aproximação popular, tendo esse fato como seu principal DNA. Rádio e povo se interligam. A relação é histórica e inseparável. Um vive ao lado do outro desde a sua criação. Mesmo com o surgimento de outros meios de grande relevância social, o rádio sempre teve seu privilegiado espaço na sociedade, afinal, foi e é, pra ela, que ele existe.

Em Mossoró, essa união do meio com o receptor fica muito evidente quando falamos de Rádio Difusora. Ela já nasce muito popular em 1950 e, logo, conquista o coração dos mossoroenses e oestanos, pois sempre teve longo alcance de captação do seu som. A historicidade dessa setentona daria e deu livros para relatar essa ampla narrativa de feitos. Os inúmeros comunicadores que já falaram em seus microfones e os milhares de ouvintes que já o visitaram e se tornaram amigos da emissora, é marcada por uma relação sincera e carinhosa. Os ouvintes foram e são mais do que isso. São admiradores e torcedores de uma empresa que tem como objetivo principal a prestação de serviço e aproximação com cada um de seus ouvintes. Uma rádio pode ser comunitária, comercial, ou pública e estatal. As comerciais dependem de patrocínios para se manter. A difusora, claro, também, sendo uma emissora comercial, é assim.

No entanto, o financeiro nunca foi o fator que estava acima de qualquer coisa. Caminhar lado a lado com o ouvinte e hoje, também internauta, foi uma das premissas dos gestores que nela passaram e que souberam que o faturamento é consequência de uma relação mais intimista com a população. É preciso empatia, acima de tudo. Ver e ouvir o ouvinte com olhares de mais atenção sempre foi uma marca de uma rádio popular, como a Difusora de Mossoró. É através dessa relação que ela foi construindo sua história e ampliando a audiência.

Falar de comunicação em Mossoró é falar, obrigatoriamente, da Rádio Difusora, inclusive como grande aliada da divulgação do município para todo o Brasil. Rádios difusoras existem pelo país com o mesmo nome. A inclusão do nome da cidade é o que comprova sua genética geográfica. E isso fez com que ela sempre tivesse esse nome no composto, que acabou sendo motivo de orgulho para os moradores. Ser Difusora de Mossoró é ser uma rádio preocupada em difundir a cultura local, promover seus filhos ilustres e valorizar os anônimos. É dar vida permanente às belezas naturais da região e mostrar as potencialidades econômicas. É estar presente nos fatos mais importantes da cidade. E isso a Rádio Difusora sempre fez com maestria.

É chegada a era da tecnologia mais evidenciada. Chega a internet e a emissora passa a ser ouvida em qualquer lugar do planeta, assim como as colegas radiofônicas. Isso amplia a marca e o nome que leva em seu título. Permite que interioranos da região possam aproximar-se da terra natal estando em qualquer lugar e a qualquer hora. São os novos tempos e as novas formas de se comunicar que a setentona, também, vai se adaptando.

Para o Rio Grande do Norte, a força e a representatividade que a emissora tem é algo incontestável e que merece muitos registros em livros, documentários e reportagens. Estar funcionando por mais de sete décadas no interior do Nordeste, mantendo audiência e um público fiel não é tarefa fácil. É verdade que novos desafios cruzam, dia a dia, o seu caminho, mas que com certeza, assim como durante esses anos, foram sendo superados. Nunca haverá estagnação em se tratando de um veículo de massa. É preciso, constantemente, renovar-se, reinventar-se. E isso a Difusora de Mossoró tem buscado fazer para permitir aos seus amigos ouvintes que, esse som tradicional, jamais deixe de ecoar e levar informação aos lares, carros, smartphones e rádios de pilha, por que não? É essa diversidade que faz com que a Difusora seja tão querida por quem a conhece e admira. Vida longa, setentona. Que venha o centenário.

 

Fabiano Morais é jornalista e professor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).

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