Neste 1º de Maio, Dia do Trabalhador, é fundamental lembrar que o conceito de trabalho vai muito além dos vínculos formais com carteira assinada ou das jornadas marcadas por ponto eletrônico. Milhões de brasileiras que cuidam de seus lares, de suas famílias e da base da sociedade também são trabalhadoras – embora, muitas vezes, invisibilizadas pelas estatísticas oficiais. São as donas de casa, que desempenham um papel vital na economia e na estrutura social do país.
Cozinhar, limpar, cuidar de filhos e pessoas idosas, administrar o lar e, frequentemente, conciliar essas tarefas com outras atividades remuneradas: essa é a rotina diária de grande parte das mulheres brasileiras. É um trabalho contínuo, sem folgas, sem férias e, na maioria das vezes, sem reconhecimento financeiro ou institucional. Segundo dados do IBGE, o tempo dedicado ao trabalho doméstico e de cuidados é majoritariamente feminino, com mulheres gastando quase o dobro do tempo dos homens nessas funções.
Apesar de não receberem salário, essas mulheres exercem uma função que sustenta não apenas suas famílias, mas também a economia nacional. Especialistas em economia do cuidado apontam que, se fosse remunerado, o trabalho doméstico equivaleria a uma parcela significativa do PIB. No entanto, historicamente, ele tem sido desvalorizado por não gerar lucro direto nem figurar nos registros trabalhistas tradicionais.
Nos últimos anos, avanços como a criação da figura do Microempreendedor Individual (MEI), o debate sobre renda básica e políticas de valorização do cuidado têm contribuído para trazer à tona a importância do trabalho realizado por donas de casa. Programas de assistência social, como o Bolsa Família, e discussões sobre aposentadoria para essas mulheres também refletem, ainda que timidamente, um esforço institucional de reconhecer esse trabalho silencioso.
Neste Dia do Trabalhador, portanto, é indispensável ampliar o conceito de trabalho e valorizar todas as formas de contribuição para a sociedade. Reconhecer a dona de casa como trabalhadora é um passo essencial para construir um país mais justo, onde o cuidado e a dedicação, tão fundamentais quanto qualquer outra atividade, tenham o respeito e o valor que merecem.
Porque cuidar é também trabalhar. E o Brasil só avança quando todas as trabalhadoras e todos os trabalhadores são vistos e respeitados.
Por Redação
Foto: Reprodução
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