Após três dias de discussão, a Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou a resolução que condena a Rússia pelos ataques à Ucrânia, iniciados no último dia 24. Apesar de manifestar discursos de neutralidade, o Brasil votou a favor da condenação da Federação Russa, marcando o primeiro gesto oficial de oposição ao conflito.
A resolução não possui efeito jurídico, mas impacta politicamente a Rússia, que passa a ser oficialmente reconhecida como um agressor e fica isolada dentro do cenário internacional. A proposta foi inicialmente analisada no Conselho de Segurança, mas foi derrubada pela própria Rússia, que possui poder de veto. Na Assembleia-Geral, porém, nenhum país possui tal poder.
Apenas cinco países votaram contra a resolução: Rússia, Coreia do Norte, Síria, Eritreia e Bielorrússia. O Brasil, por sinal, foi o único parceiro da Rússia nos Brics que não se absteve: China, Índia e África do Sul mantiveram a neutralidade, bem como Cuba, que até então se posicionava ao lado do governo russo. Também ficaram neutras a Armênia e o Cazaquistão, países cujos governos dependem diretamente de apoio militar russo. A Sérvia, aliado histórico da Rússia, votou a favor da resolução. A Venezuela não participou da votação. Ao todo, foram 141 votos a favor, cinco contra e 35 abstenções.
Segundo o embaixador do Brasil na ONU, Ronaldo Costa Filho, a aprovação da resolução mostra “o compromisso inabalável da comunidade internacional para preservar os princípios centrais da qual a ONU foi construída”. O diplomata destaca que, apesar de ser um passo importante das Nações Unidas, a resolução não é suficiente para alcançar a paz. “Paz sustentável precisa de passos adicionais. Nesse sentido, é lamentável que o papel de apoio que a ONU pode, e deveria exercer, foi deixado de lado na ânsia de apontar dedos”, declarou.
Costa Filho defende que, além da resolução, a ONU dê espaço para todos os envolvidos durante as negociações de paz, e espera flexibilidade de todas as partes: seja a Rússia, seja a Otan. “Soluções duradouras só podem ser alcançadas na mesa de negociações por meio de diálogo com comprometimento”, complementou.
O conflito, de acordo com cálculo da ONU, já deixa ao menos 660 mil refugiados na Ucrânia, além de mais de 130 civis mortos e ao menos 400 feridos.
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Fonte: Congresso em Foco.
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