Contra “efeito contágio”, grupo Difusora não fará mais coberturas de tragédias como a de Blumenau

Na véspera do Dia do Jornalista, 07 de abril, a Rádio Difusora de Mossoró e suas múltiplas plataformas (redes sociais e portal de notícias), decidiram que não irão mais repercutir crimes chocantes como o que ocorreu nesta quarta-feira (05) em Blumenau/SC.

“A Rádio Difusora de Mossoró se junta a diversos veículos de comunicação e não vai mais publicar, a partir de hoje, fotos dos autores de massacres e nem suas ações. A exposição dos criminosos pode estimular outros ataques. A decisão vem de recomendações de estudiosos do tema”. Comunica a direção do grupo em nota.

A decisão segue orientações de especialistas no tema, que acreditam que dar “visibilidade” a agressores pode servir como um estímulo a novos ataques.

“Nossa pesquisa examinou se havia ou não evidências de que assassinatos em massa podem inspirar cópias. Encontramos evidências de que os assassinatos que recebem atenção da mídia nacional ou internacional realmente inspiram eventos similares em uma fração significativa do tempo”, disse em entrevista ao site da Universidade do Arizona, em 2015, a física Sherry Towers, da Universidade do Estado do Arizona (EUA), que estudou o chamado “efeito de contágio”.

O Código de Ética do Jornalismo, diz em seu artigo 7º, inciso V, que o jornalista não pode “usar o jornalismo para incitar a violência, a intolerância, o arbítrio e o crime” e no artigo 11º diz ainda que o jornalista não pode divulgar informações “de caráter mórbido, sensacionalista ou contrário aos valores humanos, especialmente em cobertura de crimes e acidentes”.

 

O que é o efeito contágio

A proximidade entre ataques é atribuída a um fenômeno conhecido como “efeito contágio” que mostram que esses incidentes geralmente ocorrem em aglomerados e tendem a ser contagiosos, após a cobertura intensiva das mídias, que aparentemente parece impulsionar este “contágio”, segundo especialistas da Psicologia.

Esse fenômeno tem sido estudado em diferentes universidades nos Estados Unidos. Em 2023 já registrou 96 ocorrências com armas em escolas, segundo o projeto K-12 School Shooting Database, um banco de dados que mapeia a violência escolar naquele país.

Em 2016, pesquisadores da Western New Mexico University apontaram que a recorrência desses crimes aumentou a cobertura de imprensa a seu respeito a um ponto no qual comunidades em mídias sociais glorificam os atiradores ou perpetradores de ataques e menosprezam as vítimas.

 Catarina de Almeida Santos, professora da Faculdade de Educação da UnB (Universidade de Brasília), uma das coordenadoras da Rede Nacional de Pesquisa sobre Militarização da Educação. Ela integra a Rede da Campanha Nacional Pelo Direito à Educação alerta:  “Já sabemos que quanto maior é a notoriedade, quanto mais divulgado, mais espetacularizado se torna o ato, mais ganha possibilidades de disseminação, de imitação”.”

E complementa: “Ataques não são brincadeira, a sociedade como um todo tem um papel nessa contenção. E não é fácil fazer um processo desses. Precisamos regulamentar o uso dessas plataformas, dessas redes. O mundo online precisa ser limitado, não pode ser usado de qualquer forma”, disse Catarina.

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