Felipe Dutra
(Graduando em História – UERN – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte).
A maior explosão de radiação que todo dia atinge o planeta, vem de uma estrela localizada a aproximadamente 149.600.000 km da Terra. É uma combinação de radiação infravermelha, ultravioleta, X e gama. “Essas radiações apresentam benefícios aos seres vivos. Entre esses benefícios pode-se citar o processo de fotossíntese nas plantas e a estimulação da produção de vitamina D nos seres humanos a partir da incidência de radiação ultravioleta (uma parte do espectro solar), o que é de extrema importância para os ossos[1]”.
O Sol, já foi considerado em sociedades pretéritas como uma divindade, as mais conhecidas civilizações que em algum momento de sua História exaltavam o “soberano celestial” foram: os Egípcios que se referiam a ele como Rá, a sociedade Maia (Kinich Ahau), os Astecas tratavam como Huitzilopochtli (“eles acreditavam que o sol tinha surgido através do sacrifício de uma divindade menor que se atirara em um braseiro e se transformara em sol”[2]) dentre várias outras culturas antigas.
Fisicamente ocorrem várias reações no Sol, envolvendo elementos químicos de Hidrogênio (H) e Hélio (He), processo esse conhecido como fusão nuclear, resultando numa grande liberação natural de energia. “Cerca de 700 milhões de toneladas de hidrogênio são convertidas em hélio e liberam cerca de 5 milhões de toneladas de energia pura. Quatro núcleos de hidrogênio se chocam para formar um núcleo de hélio. Nesse processo, verifica-se que o núcleo de hélio é menos massivo do que os quatro núcleos de hidrogênio. Isso ocorre porque durante a fusão nuclear libera-se uma grande quantidade de energia.”[3]
A indústria bélica na qual sua produção é voltada para armas (submarino, câmara de gás tóxico, metralhadora etc.), soube “aproveitar” as explosões ocorridas na natureza e transformou em produto para dizimação humana em larga escala. Há poucos dias para completar 78 anos, ocorreu o maior atentado terrorista contra a humanidade. “O terrorismo é a ação armada contra civis; é a violência usada para fins políticos, não contra as forças repressivas de um Estado, mas contra seus cidadãos[4]“. O governo dos Estados Unidos no dia 9 de agosto de 1945, lança na cidade de Hiroshima no Japão uma bomba atômica; na época a cidade contava com 256 mil habitantes aproximadamente, quando a bomba foi lançada na cidade “tudo que estava pelo menos a dois quilômetros foi destruído pela explosão equivalente a 13 mil toneladas de TNT. Morreram imediatamente 70 mil pessoas. Uma enorme nuvem em forma de cogumelo de poeira cinza, marrom e negra subiu pelo céu. Hiroshima ficou às escuras, o sol tinha desaparecido […] até o fim do ano de 1945, outras 60 mil morreram vítimas das sequelas da explosão nuclear”[5].
Colapsamos como civilização. E é função do Historiador(a) não deixar cair no esquecimento, o que a sociedade não quer mais lembrar. É criticar e problematizar os discursos da mídia burguesa tais como que “O 11 de Setembro é considerado o ataque com o maior número de mortos da história […] foi uma tragédia que mudou, em vários aspectos, os rumos do mundo”[6], passem a circular como discurso hegemônico.
No sistema econômico capitalista somos números; e numa guerra, em um ataque ou atentado terrorista para ganhar a alcunha de o “maior’ precisa bater o recorde de números de mortes. E quando buscamos entender o presente com o uso do passado, vemos que a potência ocidental capitalista norte-americano não pode ser designado somente como vítima (queda do World Trade Center), mas também como agente causador de destruição.
O tabuleiro geopolítico no contexto da Segunda Guerra, envolve os países aliados (Estados Unidos, França, União Soviética e Reino Unido) contra os países considerados do eixo (Alemanha, Itália e Japão), “temos como certo que a guerra moderna envolve todos os cidadão e mobiliza a maioria; é travada com armamentos que exigem um desvio de toda a economia para a sua produção, e são usados em quantidades inimagináveis; produz indizível destruição e domina e transforma absolutamente a vida dos países nela envolvidos”.[7]
A serventia de uma bomba atômica foi sentida em Hiroshima, este que considerado como o evento que “finalizou” o conflito mundial. Hoje, as agências que vendem pacotes de viagem para quem tem interesse/vontade de conhecê-la (Hiroshima) tenta apagar o sofrimento dos descendentes das vítimas com discursos que “embora seja provavelmente mais famosa por ter sido devastada por um ataque nuclear no final da Segunda Guerra Mundial, a cidade não é sombria ou amarga em relação ao seu passado, e promove a paz e a compreensão”[8].
Acho difícil esquecer e apagar no imaginário popular, principalmente o japonês quando se é ciente que “os sobreviventes relataram o horror que se espalhou pela cidade. As pessoas estavam feridas de todas as formas possíveis. Locais com vidraças tornaram-se mortais, pois o impacto da explosão fez com que os cacos de vidros fossem lançados sobre as pessoas a velocidades altíssimas. Os relatos mais fortes falam de pessoas com a pele derretida presa ao corpo. Outros afirmam que pessoas tiveram as órbitas oculares derretidas pelo calor. Alguns, com ferimentos menos graves, tiveram que lidar durante meses com queimaduras no corpo que não se curavam (efeito da radiação).”[9]
Por fim, nenhuma nação ganha ou perde em estado de guerra; não foi meu objetivo esmiunçar causas e consequências que moveram os países na Segunda Guerra, mas sim problematizar alguns aspectos que envolveu esse fato histórico e fomentar o pensamento crítico, principalmente quando a indústria cultural estadunidense lança um filme sobre o “pai” da bomba atômica (Oppenheimer,2023) e tenta se justificar e se retratar que a criação da bomba e seu uso antes dos alemães foi para evitar uma “catástrofe” pior.
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Foto da capa: https://www.peakpx.com/en/search?q=atom+bomb
[1]FERNANDES, Cleberson de Souza; CAMARA, Calistrato Soares; SANTOS, Antonio Marques. Utilização dos conceitos de Física do Ensino Médio para explicação da proteção contra os raios ultravioletas provenientes do Sol… Revista do Professor de Física, v. 7, n. 1, p. 46-57, Brasília, 2023.Instituto de Física – Universidade de Brasília
[2]BAHIA, Italo Costa. GUERRAS SAGRADAS: O CARÁTER RELIGIOSO DAS GUERRAS ASTECAS. A m e r í n d i a volume 3, número 1/2007.
[3]CAVALCANTE, Kleber. “O Combustível do Sol” em: https://brasilescola.uol.com.br/fisica/o-combustivel-sol.htm
[4]SILVA, Kalina Vanderlei; Dicionário de Conceitos Históricos. 2ª edição; São Paulo, Contexto, 2009.
[5]https://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=282187
[6] https://www.bbc.com/portuguese/internacional-55351015
[7]HOBSBAWM, Eric J. Era dos Extremos : o breve século XX : 1914-1991 / Eric Hobsbawm ; tradução Marcos Santarrita ; revisão técnica Maria Célia Paoli. — São Paulo : Companhia das Letras, 1995.
[8]https://www.japan.travel/pt/destinations/chugoku/hiroshima/hiroshima-city/
[9]NEVES, Daniel. https://brasilescola.uol.com.br/historiag/efeitos-das-bombas-atomicas-sobre-hiroshima-nagasaki.htm