A diarista Débora Cristina da Silva Damasceno, presa por engano depois de um erro da Justiça de Minas Gerais, já está em casa. Ela sofreu uma agressão do ex-companheiro, procurou a polícia, mas acabou detida por tráfico de drogas.
Ela diz que vai processar o estado pelo erro.
“Para mim quebraram meu chão, porque do nada você vai fazer uma queixa de uma violência e sai de lá algemada”.
O dia começou com a família reunida na mesa. Para Débora, hoje o café tinha um sabor de alívio.
“Muito bom, achei que fosse ficar um bom tempo sem tomar ele”.
Débora, de 42 anos, passou quase 48 horas atrás das grades, injustamente. Ela dividiu cela com mais 24 detentas.
No domingo (16), ela foi à delegacia em Petrópolis, na Região Serrana do RJ, denunciar o então companheiro por violência doméstica e pedir uma medida protetiva.
O registro de ocorrência confirma que ela chegou machucada, mas Débora recebeu voz de prisão.
“Falou que era por causa de um processo lá em Belo Horizonte. Aí eu falei: ‘o senhor tem certeza? Porque eu nunca fui, sei nem onde fica’. Aí ele falou: ‘tenho certeza, tá aqui’. E ele falou: ‘qual o seu CPF?’ Aí eu falei, ele puxou: ‘Realmente, o seu CPF é esse. O nome da sua mãe é Cândida Almeida?’ ‘Esse mesmo’. ‘Então é a senhora’”.
Os policiais afirmaram ter encontrado no sistema um mandado contra ela por tráfico de drogas e associação criminosa.
A família alertou que era um engano.
A Justiça só reconheceu o erro depois que um advogado contratado pela família verificou o processo e descobriu a identidade da real foragida: uma mulher quase 8 anos mais nova, e que tem nome e sobrenome parecidos com os de Débora, presa injustamente.
O mandado de prisão estava mesmo com os dados de Débora. O erro foi da Justiça mineira que incluiu um sobrenome diferente no documento.
A Débora procurada pela Justiça não tem o sobrenome “da Silva”. Sem contar a diferença na data de nascimento, filiação e o endereço.
A mulher que estava sendo procurada mora em Belo Horizonte, onde Débora nunca esteve.
“A expedição ocorreu de forma correta. Foi expedido um mandado de prisão. O que ocorreu foi uma falta de conferência, porque se o serventuário que emitiu esse mandado tivesse feito a conferência, olhado os autos, olhasse a denúncia, e olhasse a sentença, ia ver que de fato os dados constantes ali eram de pessoas diversas da Débora presa”, explica o advogado Reinaldo Máximo.
Nesta terça-feira (18), a Justiça conferiu os documentos e reconheceu que houve um erro. Débora foi solta no fim da tarde.
“Agora é só felicidade mesmo. A tristeza já foi já. Ja passou. Agora é curtir uma praia, comer uma pizza”, falou o filho da diarista, Fabrício Damasceno.
Na ordem de soltura, o juiz escreveu que o mandado de prisão foi expedido pela comarca de Belo Horizonte e encaminhou todos os documentos que comprovam o equívoco.
A Justiça mineira expediu uma certidão confirmando que houve erro ao incluir o sobrenome “da Silva” no mandado de prisão contra a outra Débora, procurada em Belo Horizonte.
A medida protetiva que Débora pediu contra o ex-companheiro com quem vivia havia 2 anos foi concedida. A diarista decidiu sair de Petrópolis e voltar a morar perto da família em Ricardo de Albuquerque, na Zona Norte do Rio. Ela disse ainda que vai processar o estado pelo erro na prisão.
“Justiça, porque tudo que eu passei que sirva de exemplo para as pessoas que trabalhem nesses órgãos prestarem mais atenção”.
A Polícia Civil do Rio afirmou que só cumpriu o mandado de prisão que estava em aberto.
Foto: Reprodução
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